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sábado, 29 de outubro de 2011

SALÃO DUAS RODAS 2011







FAZENDO AMIGOS: MC BOTA COM BURACO DE BALA

Márcio Bahia (Peixe): Salvador - São Paulo - Salvador





















Fotos e texto: Márcio Bahia


Tudo começou no sábado (01-10-11) logo cedo. Acordei com vontade de ir ao salão duas rodas em Sampa, porém a vontade não era simples, pois queria ir de moto.

Possuo uma HD 883 ano 2009 apelidada de Guaraguá. Há pouco tempo havia trocado o pneu trazeiro cujo primeiro durou 15.000km. Também havia trocado o filtro e o óleo, então meu próximo passo de preparação para a viagem era o mais difícil, convencer minha esposa que seguir SSA x Sampa sozinho de moto em uma viagem de mais de uma semana não seria nenhuma loucura. Minha esposa é maravilhosa e compreendeu a minha necessidade.

Próximo passo era roteirizar meu percurso. Saber em quantos dias faria a viagem, onde dormiria por qual BR seguir etc.

Decidi que faria esta viagem pela Br 116, pois pela Br 101 eu já conhecia. Defini algumas cidades para pernoitar e que faria a vigem de ida em três etapas. Seriam 1950 km’s divididos pelos três dias. Minha programação não deu certo em relação as cidades para pernoite, pois consegui adiantar um pouco no primeiro dia.

Primeiro dia de estrada – SSA x Teófilo Otoni (910 km’s)
Acordei as 05:30h arrumei toda a bagagem e as 06:30h parti. Logo na saída de SSA, pela Luis Eduardo Magalhães encontrei um grande congestionamento devido a um acidente de moto. Vi o piloto na maca entrando no carro da SAMU. Já foi minha primeira emoção, faria uma viagem longa e de cara me deparo com um acidente de moto. Pista liberada e logo a frente o primeiro pedágio em Simões Filho. 

Fica uma dica em relação a como pagar os pedágios: com as luvas se torna difícil abrir carteira, pegar dinheiro no bolso, moedas etc. Então coloquei R$ 15,00 em moedas de R$ 1,00 dentro de uma pequena sacolinha onde ficava guardada no bolso do meu colete, então no pedágio eu entregava a sacolinha para o cobrador e todos prontamente retiravam o dinheiro do pedágio, colocavam o troco e a nota, fechavam a sacolinha e eu seguia a viagem com muito mais agilidade. Valeu a pena. 

A saída de Feira de Santana pela Br 116 tem um fluxo bastante intenso de caminhões, neste trecho o motociclista precisa ter atenção redobrada.

Neste primeiro dia o trecho mais complicado e perigoso de se rodar foi entre Jequié e Vitória da Conquista. Foram inúmeras vezes em que caminhões fizeram ultrapassagens em locais indevidos, sem qualquer respeito as faixas de ultrapassagem. Consegui contar mais de 20 absurdos entre carros e caminhões. Alguns carros pequenos ainda dividiram a pista comigo, me forçando a quase sair pelo acostamento. A PRF precisa passar mais por lá.

Cheguei em VDC as 12:00h, almocei, rodei por toda cidade, pois há anos não pisava naquela terra e, por volta de 13:30h, continuei rumo a Minas Gerais. Inicialmente minha idéia era pernoitar em Medina-MG, mas como as condições da estrada de Minas Gerais, mesmo sem qualquer pedágio, eram boas então rodei até Teófilo Otoni. Cheguei as 18:00hs. Fiquei hospedado no Hotel das Palmeiras na própria BR. Hotel muito bom, excelentes acomodações, garagem, bom café da manhã. Quarto individual custava R$ 120,00, porém dei a velha chorada e fechamos por R$ 80,00. Indico a qualquer um que queira pernoitar em Teófilo Otoni. 


Segundo dia de estrada – Teófilo Otoni x Volta Redonda (740  km’s) 
Durante toda a madrugada Teófilo Otoni esteve sob uma intensa chuva e pela manhã não foi diferente. As 08:00hs, após o café da manhã, segui estrada sob uma intensa chuva e até Caratinga – MG só consegui rodar ao limite de 80 km/h. 

Durante a travessia pelas estradas de Minas Gerais fica uma dica: em toda cidade existe radar com limite de velocidade a 40 km/h. Tudo bem que a maioria está quebrada, mas alguns funcionam e multam, então, em Minas, é ficar ligado nos radares.

Passando a região das chuvas chegou o trecho da Br 116 e Br 393 com muitas pistas interditadas para obras de melhorias das concessionárias. Em 04 pontos fiquei parado entre 05 e 25 minutos aguardando liberação da pista, pois apenas passava uma faixa de cada vez. Fora isto foi um trecho tranqüilo e sem surpresas.

Devido aos contratempos de clima e obras apenas cheguei a Volta Redonda as 17:45 h e segui em direção a saída para Sampa para pernoitar. 

Em Volta Redonda me indicaram um hotel / pousada de nome Santa Helena que fica próximo a saída para a rodovia presidente Dutra que não indico a ninguém. Custou R$ 70,00 sem qualquer estrutura. Quarto horrível, sem o mínimo de conforto, TV de 14’, ventilador de teto, café da manhã foi um pão ruim com margarina, apresuntado e queijo. Não havia suco, frutas, ovo etc. Apenas pão e bolo. Lamentável.

O ponto positivo da minha estadia em Volta Redonda é que fui ao estádio Raulino de Oliveira e pude prestigiar o clássico Duque de Caxias X Paraná com 24 pagantes e um frio de lascar. Ninguém me informou que fazia frio, então fui da mesma forma que vou a Pituaçu, bermuda e camiseta. Na volta de moto do estádio pro hotel eu não congelei por pouco.

Terceiro dia de estrada – Volta Redonda X São Paulo (340 km) 
As 08:00h e depois de um péssimo café da manhã, continuei meu percurso rumo a Sampa. Sem qualquer tipo de problemas enfrentei a Dutra de forma tranqüila e sem nenhum contratempo. Apesar de muito caminhão, a parte mais chata da Dutra são os 05 pedágios com o custo total para moto de R$ 13,90 que passamos até Sampa. Cheguei a São Paulo as 11:30h e daí adiante foi só reencontrar os amigos, tomar algumas geladas e curtir o salão duas rodas. 

Saí de SSA com tanque cheio e parei mais 16 vezes na maioria das vezes abastecia, mas a idéia também era esticar as pernas.

Toda rodovia pedagiada possui uma base de apoio a nós consumidores. Banheiros limpos, água, fraldário etc. Utilizem este apoio, vale a pena.





Segue relação de pedágios SSA x Sampa (Br 116):


Após 06 dias aproveitando São Paulo refiz meu roteiro de volta.
Resolvi seguir via Belo Horizonte, passar por Prado no sul da Bahia e seguir para SSA.

Primeiro dia de estrada (volta) – São Paulo x BH (590 km) 
Terça feira, 11/10, as 07:00hs segui pela rodovia Fernão Dias em direção a BH. Muita chuva nos primeiros 200 km. Minha velocidade máxima até mediações de Pouso Alegre – MG foi de 80 km/h.
Cheguei a BH as 14:30hs e as 15:00hs caiu uma forte tempestade que resultou em falta de energia e queda de mais de 80 árvores inclusive uma delas tombou em cima de um motoboy causando sua morte. Belo Horizonte parou.

A noite fui ver Deep Purple em uma casa de show de BH.

Fiquei hospedado na casa de amigos e aproveitei a cidade no feriado de 12 de outubro, fiz turismo com amigos que me hospedaram. Soube que BH possui vários albergues a partir de R$ 30,00 e que vale a pena.  


Segundo dia de estrada (volta) – BH x Nanuque (610 km)
Quinta-feira, 13/10, as 07:00h segui pela Br 381 sentido Ipatinga. Br 381 com muitas curvas, muitos caminhões. Atenção redobrada neste trecho. Depois de Governador Valadares segui pela Br 116 e mais uns 150 km senti a moto saindo de lado, algum problema havia. 

As 12:00hs parei em Teófilo Otoni e para minha sorte em frente de onde parei havia um membro do Asas de Aço – MC de Teófilo Otoni que prontamente me indicou a oficina que eles levam suas motos. 
Foi o rolamento que foi pro espaço, então trocamos e tudo certo, porém abrimos a caixa de transmissão e o óleo vazou sem que eu percebesse.

Só consegui sair de Teófilo Otoni as 16:30 hs, então como ainda faltavam 350 km para o Prado resolvi dormir no meio do caminho em Nanuque.

Cheguei as 18:00hs e após conhecer a noite Nanuquense fui dormir.
Fiquei hospedado no hotel Giropok. Hotel no centro, com garagem e diárias a partir de R$ 25,00 (quarto sem banheiro). Fiquei num AP com ar condicionado e paguei R$ 50,00. Café da manha bem simples, mas meu foco era outro.

Terceiro dia de estrada (volta) – Nanuque x Prado (180 km) – 
Sexta feira, após a noite Nanuquense acordei com um pouco de ressaca e só consegui sair as 10:00hs. Logo na saída percebi um barulho diferente vindo da caixa da transmissão, mas resolvi continuar assim mesmo, seriam mais 180 km e no Prado veria o problema.

Faltando 10km para chegar no Prado me lembrei que o mecânico de Teófilo Otoni havia mexido na caixa de transmissão e que poderia ter deixado o óleo escapar.

Dito e feito, chegando a Prado parei em uma oficina (Prado Motos) cujo proprietário, Breno, é membro do Constituinte MC. Na hora foi constatado que, por falta de lubrificação, o tensionador da corrente da transmissão havia se desgastado e só outro para poder continuar.

Não havia outra saída, encomendei a peça a um grande amigo que estava em BH. Ele enviou via Sedex no sábado. A peça apenas chegou na quarta-feira a tarde, então preparamos a moto para no dia seguinte eu seguir viagem.

Quarto dia de estrada (volta) – Prado x Itabuna (360 km)
Quinta feira, 20 de outubro, depois de 06 dias no Prado finalmente continuei viagem e segui com a intenção de chegar a Salvador, porém depois de rodar 100 km e já próximo de Itabela o barulho novamente voltou, para meu desespero era o mesmo problema vindo da caixa de transmissão.

Liguei para o Breno no Prado e ele entrou em contato com o Ademar (Presidente do Os Notáveis – MC) de Eunápolis. Em menos de 20 minutos Ademar chegou ao local. Colocamos minha moto sobre a carroceria do seu carro e a levamos para a oficina Adilson Motos cujo seu proprietário, Adilson, é presidente do Veteranos do Asfalto MC em Eunápolis.

Adilson, muito engenhoso, criou uma solução para meu problema e no final da tarde minha HD já estava funcionando.

Um abraço também para Calixto do Pequenos Estradeiros MC também de Eunápolis pelo total apoio.  
Ainda no mesmo dia segui viagem rumo a Itabuna e, após contato de Ademar, fui recepcionado por Wallace e Gregório do Santa Cruz MC. Noite de muita chuva em Itabuna, então fui direto para um hotel escoltado pelo Santa Cruz MC.

Hotel Distak no centro da cidade, quartos simples com e sem ar condicionado. Negociando conseguimos diárias a partir de R$ 40,00. Hotel com garagem e bom café da manha.   

Quinto dia de estrada (volta) – Itabuna x Salvador (Via ferry 340 km) 
Sexta-feira, 21 de outubro. Segui até a saída de Itabuna escoltado por Gregório do Santa Cruz MC.
Sob muita chuva por todo caminho e através da BR 101 cheguei a Santo Antonio de Jesus sem maiores problemas, viagem tranqüila com estrada boa. 

Pouco depois de Sto Antonio virei a direita para pegar a BA 028. Logo na entrada da BA encontramos estrada bastante ruim, porém com homens trabalhando na pista. Muita chuva com estrada muito ruim é igual a velocidade bastante reduzida e atenção triplicada. 

A estrada continua ruim até a entrada da Ilha. Nos 23 km’s até o terminal de Bom Despacho a estrada é boa.

Cheguei as 14:30h ao terminal, porém devido ao temporal o ferry boat apenas saiu as 16:00hs. Durante a travessia de 01:30hs precisei segurar a moto por diversas vezes, pois como a maré estava forte a moto ameaçava cair. Custo do ferry em dia de semana foi de R$ 13,80.

Não houve grande distancia entre postos de combustível. Minha moto roda, no máximo 190 km com um tanque e quando ela passava de 130 km rodados eu já procurava um posto geralmente de bandeira conhecida. 

Pela rota que segui de São Paulo a Salvador passei pelos seguintes pedágios:



Rodei um total de 4.306,60 km’s em 20 dias. Consumi 216,85 litros de combustível fazendo uma média de 19,6 km/l.

Em geral procurei fazer uma velocidade de cruzeiro de 130 km/h, mas procurando apreciar, parar e fotografar os locais que me agradassem.

Torço para que todos os motociclistas consigam fazer, sozinho ou em grupo, uma viagem neste estilo. Conhecendo cidades, pessoas e o verdadeiro espírito motociclista.